GRUTA DO LAGO AZUL E BURACO DAS ARARAS: PORQUE NEM TUDO DE BONITO ESTÁ SÓ NA ÁGUA

A cidade de Bonito, no Mato Grosso do Sul, é o ponto de partida para explorar as belezas naturais e paradisíacas das redondezas. Entre elas, as que envolvem água são as mais lembradas. Afinal, na região estão belíssimas cachoeiras e rios de águas cristalinas que permitem incríveis flutuações. Inclusive, há gente que vai a Bonito somente para fazer flutuações. É verdade, o nosso motorista da cidade nos revelou. Tem que gostar muito da atividade para abrir mão dos outros atrativos do local, não acha? Tá certo que muito "de bonito de Bonito" está na água, mas há outras coisas fora dela que são de cair o queixo, como as grutas e o Buraco das Araras. São tours contemplativos que não dá para deixar de fazê-los. Se você não tiver tempo de ver todas as grutas, aconselho a fazer como eu e escolher uma. A gruta do Abismo Anhumas é a top one, mas é preciso ter preparo físico e treino. Então, que tal escolher a Gruta do Lago Azul por ser cheia de formações calcárias e por ter um lago de uma impressionante cor azul turquesa? Não à toa é a atração mais visitada da região. Por isso, foi essa a gruta que eu selecionei para meu roteiro.    

Os passeios da Gruta do Lago Azul e do Buraco das Araras podem ser facilmente conciliados com outro num mesmo dia porque não tomam muito tempo. Por exemplo, se você quiser fazer duas grutas, a do Lago Azul dá para conciliar bem com a de São Miguel pela proximidade. Como eu escolhi visitar somente a Gruta do Lago Azul (se eu tivesse mais dias, faria a de São Miguel também), coloquei-a no meu dia junto com a Estância Mimosa (às 7:00 e às 13:30 respectivamente). Já o Buraco das Araras ficou junto com o Aquário Natural (às 16:40 e às 10:30 respectivamente). Aproveite bem seus dias em Bonito fazendo o máximo de passeios possível. 

Abaixo, relato minha experiência na Gruta do Lago Azul e no Buraco das Araras.


GRUTA DO LAGO AZUL

A Gruta do Lago Azul, que fica a 20 Km de Bonito, foi tombada como Monumento Natural pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). Trata-se de uma caverna com um lago de intensa cor azul turquesa e água cristalina. Dentro dela, podemos admirar suas formações calcárias, como as estalactites e as estalagmites. Muito interessante, principalmente para quem nunca viu antes. 

E como é o passeio à Gruta do Lago Azul? Tranquilo, só é preciso descer (e depois subir) cerca de 300 degraus irregulares, mas o esforço não é muito puxado, e você pode ir parando aos poucos. A escada é para adentrar a caverna. Mas, antes disso, ainda no receptivo, o guia apresenta ao seu grupo um vídeo com algumas explicações sobre o local e o tour. Ele também distribui uma toca e um capacete de uso obrigatório, somente como medida de segurança, mas tudo corre de forma tranquila. Depois é feita uma caminhada leve, de 300 metros. Ao término da caminhada é que chegamos à escadaria e depois passamos cerca de meia hora dentro da gruta para contemplação e fotos. Ali o guia passa mais informações sobre a gruta e responde às dúvidas dos visitantes. O tour é guiado do início ao fim. Se alguma pessoa, por algum motivo, sentir-se mal, o guia passa uma comunicação para a equipe de apoio e alguém vai buscá-la. Apenas uma pessoa de nosso grupo, uma mulher de meia idade, não se sentiu bem somente porque o lugar é escuro, então pediu para se retirar. Mas não é nada demais, inclusive vi muitos idosos realizando esse tour. 

Como é escuro dentro da Gruta do Lago Azul, fiquei um pouco decepcionada ao ver a cor do lago assim que eu o avistei. "Cadê o azul profundo que tanto falam?" pensei. Somente nas fotos que tirei é que pude constatar que aquele azul existe sim, porém a tonalidade que vemos depende da luz que entra na caverna. Por falar em fotos, é preciso tirá-las com o flash desligado para o azul verdadeiro se revelar. Resumindo, fiquei mais impressionada com o azul que vi nas minhas fotos do que de cara a cara com o lago. O passeio todo, ida e volta, dura cerca de uma hora e meia. Para conservação do local, é permitida a visitação de, no máximo, 305 pessoas por dia, por isso é necessário agendá-la com antecedência. É feita em grupos, com até 15 pessoas, e em intervalos de 20 minutos. Vá de tênis.


Depois de assistirmos ao vídeo explicativo e de colocarmos nossos capacetes, seguimos o guia em uma pequena caminhada no meio da mata até a entrada da caverna. 

É preciso descer estes degraus para adentrar a Gruta do Lago Azul.


Ao descer a escada, você pode se segurar nessas cordas que funcionam como corrimão. 


A primeira coisa que chama a atenção quando começamos a entrar na caverna são as estalactites, que são essas formações no teto.

























Grupo de turistas descendo as escadas para entrar na Gruta do Lago Azul.


A formação da gruta tem milhões de anos. 




A escadaria da Gruta do Lago Azul - Bonito

Na foto sem flash, conseguimos captar o azul profundo do lago da Gruta do Lago Azul.


O lago tem profundidade de mais de 80 metros. Não é permitido nadar aqui.

A escadaria da Gruta do Lago Azul - Bonito

As interessantes estalactites da Gruta do Lago Azul.




BURACO DAS ARARAS

Quem vai a Bonito é porque quer estar em sintonia com a natureza; portanto, apreciar os animais que compõem a beleza natural do Matogrosso do Sul faz parte do programa. Entre os animais que se destacam na região estão as araras. Elas são belas, inteligentes, brincalhonas (vi algumas interagindo até com um cachorro no passeio Rio do Peixe) e fiéis a seus parceiros. Os casais vivem juntos até que a morte os separe! Que demais, né? Demais também são suas cores vivas. No passeio Buraco das Araras, você terá a oportunidade de observar as araras vermelhas voando livremente e em grupos em seu habitat natural! Dentro de uma cratera! Visualizou na mente? Você vai ver como é já já nas fotos abaixo. Mas vamos primeiro entender o que é o "buraco" das araras, o que elas vão fazer ali e como chegar a ele.

O Buraco das Araras fica no município de Jardim, a cerca de 58 km de Bonito. Ele é literalmente um "buraco", ou, melhor dizendo, uma cratera em arenito no meio do cerrado que se formou por causa do desmoronamento de rochas. Sua forma é circular e possui 100 metros de profundidade e 500 metros de diâmetro. A esse tipo de depressão rochosa dá-se o nome de "dolina".

O Buraco das Araras é a maior dolina da América do Sul. Nas paredes de arenito, dentro dos buracos, as araras constroem seus ninhos. Então, é fácil encontrarmos araras sobrevoando o local e indo pousar nas paredes, porém é preciso ter um pouco de sorte para estar presente justamente na hora em que as araras chegam em maior número, o que garante um espetáculo maior. Mas dizem que o melhor horário é bem no início da manhã ou no final da tarde, e que a melhor época do ano para avistá-las é de junho a agosto por estarem no início do acasalamento. Nós visitamos o Buraco das Araras em julho e escolhemos o último horário, que foi às 16:40, ou seja, quando as araras voltam para seus ninhos, na esperança de vermos muitas delas. Sinceramente, eu esperava ver um número bem maior delas, mas conseguimos ver minirrevoadas e a experiência já foi legal. O que eu mais gostei foi de ouvir o grito delas, bem alto e o tempo todo. Aquele som me fez sentir bem na casa delas e mais íntima da natureza. 

O passeio ao Buraco das Araras dura um pouco mais de uma hora, sendo um programa perfeito para combinar com a flutuação no Rio da Prata (Recanto Ecológico Rio da Prata), antes ou depois, porque os lugares estão próximos. Apesar de ser um dos principais atrativos nas proximidades de Bonito, não incluí o segundo no meu roteiro porque li que essa flutuação era longa e eu não tenho muito saco de ficar na mesma posição por muito tempo. Além disso, dar de cara com cobras e jacarés era um risco que eu não queria correr, mesmo ouvindo dizer que eles não atacam as pessoas. Preferi fazer a flutuação no Aquário Natural, na qual você também vê muitos peixes, porém é bem mais breve. Assim, conseguimos fazer a flutuação de manhã e o Buraco das Araras no final da tarde. No intervalo, ainda tivemos tempo de caminhar e almoçar no centro de Bonito. Esse dia ficou com dois passeios distantes um do outro, mas não tinha como ser diferente.  

Agora vou narrar resumidamente como se deu nosso passeio ao Buraco das Araras.


No caminho para o Buraco das Araras, a diversão é procurar pelos tamanduás-bandeiras na estrada. Deu para achar um aqui? Clicando na foto, vai ficar mais fácil.


Interessante também é observar os gados na estrada. Quando nosso carro passou perto da cerca, os animais ficaram paradinhos prestando a maior atenção na gente. Foi engraçado rsrsrs 

A entrada do parque do Buraco das Araras é muito simpática, com réplicas de algumas aves, entre elas, as estrelas do lugar, é claro. Se você chegar com antecedência, vai ter tempo de tomar café de cortesia, comprar picolés dos sabores do cerrado (Delícias do Cerrado) ou algumas lembranças na lojinha, ou até descansar no redário. O local também tem banheiros.



Entrada do Parque Buraco das Araras, onde se encontra o habitat natural de muitas araras vermelhas.


Depois de formado o grupo no horário de sua visita (que precisa ser previamente agendada), o guia passa algumas informações sobre o passeio. Os grupos são pequenos, em torno de doze pessoas. Para chegar aos mirantes (são dois) da dolina, você precisa caminhar pela floresta, mas é tranquilo. Durante o percurso, o guia faz comentários sobre algumas plantas e árvores. Ele nos mostrou, por exemplo, a planta da guavira, fruta que é símbolo do Mato Grosso do Sul. O guia também comenta sobre algumas aves que vão surgindo em nosso caminho. Tivemos a oportunidade de ver, por exemplo, um tucano e um udu-de-coroa-azul, que é a ave símbolo de Bonito. 

É feita uma caminhada pela mata até chegar à dolina. Caminha-se em torno dela. Durante o trajeto, o guia dá explicações sobre a vegetação local e mostra até buracos na terra feitos pelos tatus.

O Buraco das Araras é esta cavidade da foto abaixo. Observe sua formação geológica, à qual dá-se o nome de dolina. Repare também em suas paredes vermelhas, de arenito. É sobre esta dolina que as araras sobrevoam e vão pousar nos galhos das árvores ou dentro dos buracos das paredes. Além das araras, vimos também o voo de algumas curicacas. Na verdade, pelo Buraco das Araras passam muitas espécies de aves, mas vimos somente algumas. E não se preocupe se não souber identificá-las, pois o guia se encarregará disso.
.
São duas paradas para observação da dolina, uma em cada mirante. Veja que o outro mirante está do outro lado. Aqui contemplamos as revoadas das araras sobre e dentro da dolina, que é cercada pela vegetação do cerrado. 

As araras vermelhas no Buraco das Araras geralmente voam em pares ou em grupos. 

O desmoronamento de rochas causou esta cratera. Repare que, no fundo dela, há um lago esverdeado cercado por uma mata. Só não dá para ver os jacarés. Observe também as cavidades dentro das paredes de arenito, que são onde as araras constroem seus ninhos e vão dormir.    

Vá preparado para a possibilidade de não ver grandes revoadas de araras, apenas minirrevoadas. Tudo depende da vontade delas, pois elas vivem livremente.


Mas, sim, é possível ver dezenas de araras. Dá também para vê-las voando para dentro das cavidades das paredes, mas a visão é um pouco distante. Portanto, acho uma boa levar binóculos.


O Buraco das Araras é um dos melhores passeios contemplativos de Bonito. Assistir ao pôr do sol aqui é especial.


O guia se oferece para tirar fotos de todo mundo e escolhe os melhores ângulos. O destaque desta foto é o lago da dolina. 

Como as araras são bem rápidas em seus voos, é mais fácil captar melhores imagens filmando-as. Por isso, fiz um vídeo bem curtinho com alguns dos melhores momentos que presenciei no Buraco das Araras. O filminho também serviu para eu registrar o grito das araras. Ouvi-las foi, para mim, uma experiência de arrepiar. Os ruídos da natureza! Veja o vídeo:
  



Todos os passeios em Bonito podem ser reservados através de uma agência de turismo local, mas faça a reserva com antecedência pelo site para garantir sua vaga. Tanto a Gruta do Lago Azul quanto o Buraco das Araras são muito concorridos (principalmente o primeiro) na alta temporada e há uma limitação de número de visitantes por dia. Além dos ingressos para as atrações, é preciso comprar o transporte até elas se você não estiver de carro. Geralmente os traslados são compartilhados, mas consegui um privativo para todos os dias pagando um pouco mais com a agência Natureza Tour. Eu achei que valeu a pena.  


P.S.: Não pense que este foi meu último post sobre Bonito... Mas acho que resta só mais um. Tenha paciência comigo rsrsrs


Veja também as seguintes postagens:

- Como é o Passeio Boca da Onça em Bonito, Mato Grosso do Sul

- Trilhas e Cachoeiras da Estância Mimosa: Um Top Tour em Bonito

- Passeio Cachoeira Rio do Peixe: Pra lá de Bonito