VISITANDO A CATEDRAL DE SAL DE ZIPAQUIRÁ, UMA MARAVILHA COLOMBIANA

Uma catedral esculpida dentro de uma mina de sal. Um tesouro que poderia ser uma das Sete Maravilhas do Mundo Moderno, mas é a Primeira Maravilha da Colômbia. Onde fica? Na cidade de Zipaquirá, a cerca de uma hora da capital Bogotá (a aprox. 50 km). Como as cidades ficam próximas, muitos turistas que se hospedam em Bogotá reservam um dia inteiro para uma viagem bate-volta. Mas, se a intenção for "somente" visitar a Catedral de Sal, cinco horas dão conta. Calcule assim: uma hora de trajeto na ida, duas horas para a visitação da mina (onde está a catedral) e uma hora para o trajeto de volta a Bogotá. E, pelo menos, mais uma hora para dar conta dos congestionamentos, nada raros em Bogotá. Isso indo de carro, que é mais rápido. Mas, se você pretende caminhar com calma pelo Parque de la Sal (onde fica a entrada da mina), passear pelo centro histórico de Zipaquirá e ainda fazer uma refeição no famoso Andrés Carne de Res, em Chía (na metade do caminho entre Bogotá e Zipaquirá), vá acrescentando horas.

Minha ida a Zipaquirá, a partir de Bogotá, foi nesse passeio que durou uma média de cinco horas. Fui para conhecer a principal atração de lá, a Catedral de Sal, e eu estava muito curiosa para desvendar as escavações daquela mina. Depois, eu voltei direto para Bogotá porque era lá que eu queria aproveitar o resto do dia. Estava gostando muito da capital  e eu não queria trocá-la por mais nada, já que minha viagem era curta. E quanto menos tempo temos na agenda, mais precisamos fazê-lo render, certo? Foi por isso que escolhi fazer minha visitação à Catedral de Sal em transfer privativo, a partir do meu hotel, o B3 Virrey. Aliás, minha escolha por esse hotel, que foi sugestão de um amigo, foi mais pelo fato de que disponibilizam motoristas e veículos próprios para levar os hóspedes para onde quiserem (serviço pago à parte, claro). Um conforto e uma economia de tempo que eu não podia desprezar.

O transporte privativo custou 180,000 COP, com certeza um valor muito alto se comparado ao que pagaríamos se fôssemos de ônibus. Dizem que é fácil chegar à Catedral de ônibus, porém é mais demorado, você pode ter de viajar em pé (porque é uma linha normal), ainda há uma baldeação, depois tem que andar um tanto até chegar à entrada da catedral, inclusive subir escadas, pois a mina fica na parte alta de um parque. Eu não me arrependi de ter pago mais porque economizei meu tempo e minhas energias. O motorista ficou nos esperando no estacionamento do parque enquanto fazíamos a visitação. Compramos o ingresso no caminho, já perto da catedral, em um restaurante (uma churrascaria que parecia ser ótima), pois o motorista disse que assim evitaríamos pegar fila na bilheteria. Mas não vimos fila lá não. Acho que foi mais propaganda para o restaurante, mas que deu água na boca e vontade de voltar lá, deu...rsrsrs Mas, enfim, o valor do ingresso foi o mesmo.  

Passamos cerca de duas horas dentro da mina. Foi tempo suficiente, apesar de, no final, ter ficado um pouco corrido. É que, se passássemos desse tempo, teríamos que pagar ao motorista por cada hora extra (25,000 COP). Dá para ir à Catedral de Sal de táxi também, porém combine o valor antes com o motorista, assim como o tempo que ele vai ficar lhe esperando.   

Chegando à entrada da mina de sal, você é orientado a aguardar um pouco até se formar um grupo. É que a visitação é guiada, em espanhol ou inglês. Esperamos cerca de dez minutos apenas. Nossa guia era muito simpática e engraçada. Disse que todas as paredes da mina eram de sal, que poderíamos ficar à vontade para prová-las, e que todo o sal era cortesia da casa. Começou fazendo um resumo sobre a história do local e sobre o trabalho dos mineradores, que, por iniciativa própria, construíram ali uma igreja subterrânea inaugurada em 1954, dedicada à Nossa Senhora do Rosário. Mas essa precisou ser fechada em 1990 por apresentar riscos para a segurança dos visitantes. Então, começaram a construção de uma segunda igreja, a 180 metros abaixo da terra (60 metros abaixo da catedral antiga), sendo esta a atual e inaugurada em 1995. 

A caminhada dentro da mina se inicia num grande túnel que relembra a Via Crucis de Jesus Cristo. Ali estão as quatorze estações representando a caminhada de Jesus rumo ao calvário. Cada estação é um pequeno altar, com uma cruz, esculpido em rochas de sal. Depois, chega-se ao salão de uma enorme cúpula (11 metros de altura) toda esculpida em sal e ao mirante da nave central, onde há uma linda escultura de um anjo. Esse é o lugar mais bonito para fotos. Aliás, ali e em outros pontos da catedral, fotógrafos vão lhe oferecer o serviço deles, sem compromisso. Eles fazem até uma pequena produção, emprestando algumas ferramentas (capacete, machado etc.), para as fotos saírem bem legais. No final da visita, com o código das fotos que eles lhe dão, você escolhe e compra aquelas que gostar. Só se gostar, eles não ficam "empurrando" nada. Por isso, acho que vale a pena deixá-los fazer as fotos. Bem, depois desse mirante, mais uma caminhada e chega-se à nave central da catedral, o ponto alto da visitação. 

Quando o guia do grupo se despede, você tem tempo livre para andar pela mina. Há algumas lanchonetes e vários estandes vendendo muitos tipos de souvenirs, em especial, os religiosos, e muitas esmeraldas adornando anéis, pulseiras, brincos, cordões e pingentes. Quanto maior a pedra, mais alto o preço, é claro. Mas muitas peças acabam não saindo caras porque são de prata e têm apenas uma esmeralda minúscula. Custam a partir de cerca de 30 dólares e podem ser compradas com cartão de crédito. Há joias caras também para quem puder pagar. As esmeraldas são verdadeiras, legitimamente colombianas. Eles entregam junto um certificado de autenticidade, independente do tamanho da pedra. 


Chegamos ao Parque de la Sal, na cidade de Zipaquirá. A Catedral de Sal faz parte deste parque. Há muitas barraquinhas por aqui vendendo artesanato feito de sal e cristal produzido pelos artesãos de Zipaquirá. Dentro da mina, também há muitos estandes com esses artigos.

A Plaza del Minero, no Parque de la Sal, que tem um anfiteatro. Você passa por esta praça para chegar à entrada do túnel que leva à Catedral de Sal (vide foto abaixo).


Entrada da mina de sal, onde está a Catedral de Sal. É aqui que os grupos se formam para a visitação guiada.


O início da visita à Catedral de Sal se dá pela Via Crucis. Quatorze estações, que são encenações talhadas em sal, sempre com a presença de uma cruz. Recebem iluminação especial.


Esta é uma das estações da Catedral de Sal, que são identificadas com algarismos romanos e a descrição do sofrimento vivido por Jesus, por exemplo, quando ele é crucificado.


Outra estação esculpida na escavação.


A iluminação dá um efeito especial em cada estação da Catedral de Sal.


O anjo com a trompete, anunciando a ressurreição de Cristo. Linda escultura.


Ao fundo, o altar da nave central da Catedral de Sal.


Ao fundo, a Grande Cruz do altar da nave central da Catedral de Sal. É este o mirante para a nave central, o lugar mais bonito para contemplação. Aqui você pode se deixar fotografar pelos fotógrafos da casa, que dão uma incrementada na cena emprestando alguns apetrechos, como estes capacetes.


Capela subterrânea.


E lindas esculturas, como neste presépio.


A nave central da Catedral de Sal. 


Catedral de Sal, a 180 metros abaixo da terra.


A Cruz principal fica atrás do altar da Catedral de Sal. É gigante, tem 16 metros de altura.


No chão da Catedral de Sal, na nave central, o medalhão da Criação do Homem, talhada em mármore. Com iluminação especial.







A guia do tour, de capacete amarelo. Aqui já estamos quase no final da visitação. Ela nos mostra as lojinhas de artesanato, souvenirs e esmeraldas que há nessas galerias subterrâneas.


Uma das grandes atrações da mina é este espelho d'água que nos faz perder a noção de profundidade.


Lindas esculturas esculpidas nas rochas. 


Esta é uma parte comercial da mina.  Aqui o tempo é livre para você comprar o que quiser. São muitas opções de artigos colombianos. 


E há muitas opções de joias com as famosas esmeraldas colombianas. Nem pense em surrupiá-las, pois aqui já há até uma cela para os ladrões de esmeraldas rsrsrs


Há joias de diversos preços, variando de acordo com o tamanho da esmeralda. Há muitas peças de prata, o que facilita na hora de pagar. De ouro, seriam bem mais caras.


As esmeraldas colombianas estão em todas as áreas comerciais da Catedral de Sal. Fica difícil sair de lá sem uma. 

Valeu muito a pena ter saído de Bogotá para visitar a Catedral de Sal, afinal não é em qualquer lugar do mundo que encontramos uma igreja esculpida numa mina de sal. É uma atração super diferente. É uma maravilha colombiana!

Veja fotos de Bogotá na seguinte postagem:

- Viaje a Bogotá, a capital que de simpática tem tudo!


ANGU DO GOMES: A COMIDA QUE É UM PATRIMÔNIO CULTURAL CARIOCA

Está de viagem marcada para o Rio de Janeiro? Quer levar um amigo estrangeiro para comer um prato tipicamente carioca? Então, você precisa ir ao Angu do Gomes, onde a iguaria de mesmo nome detém o título de Patrimônio Cultural CariocaHá algum carioca da gema lendo esta postagem agora e se perguntando que comida é essa que nunca ouviu falar? Tudo bem. Provavelmente você é de uma geração mais nova, nasceu mais ou menos a partir da década de 90. Sim ou não, o que importa é que você não pode ficar sem saber que o Angu do Gomes é um clássico carioca, pois foi durante muitos anos, entre as décadas de 50 e 80, um símbolo do Rio de Janeiro, matando a fome de muitos cariocas por um preço popular. Seus principais consumidores eram, entre outros, motoristas de táxi, usuários de trem e da barca, intelectuais, notívagos, artistas e trabalhadores em geral que voltavam do expediente naquela hora em que o estômago pedia aquela sustância para o corpo voltar para casa com mais energia e contento. E sabe quem era um dos artistas que apreciava o Angu do Gomes, frequentando a carrocinha da Praça XV? O cantor e compositor que se derretia pelo Rio de Janeiro, o querido Tom Jobim.  

Se o Angu do Gomes é, de fato, uma iguaria que você desconhece, então deixe-me explicar por partes, começando pelas palavras que usei acima: "sustância", "carrocinha" e "notívagos". Tudo a ver. O prato é feito com fubá e miúdos de boi, ou seja, uma receita "pesada", para forrar bem o estômago. Daí a gente entende por que o Angu do Gomes era vendido apenas a partir das 17:00. Imagina, no calor que o Rio de Janeiro faz, as pessoas comendo isso na hora do almoço. Corriam o risco de dormirem no trabalho. Então, o Angu do Gomes era ideal para o final de uma jornada. A comida varava a noite dentro dos panelões das carrocinhas espalhadas por vários pontos da cidade: Praça Mauá, Praça Tiradentes, Largo da Carioca, etc. Comida de rua, gostosa, barata, forte, revigorante, servida nas madrugadas. Perfeita para o final das noitadas, perfeita para os boêmios. Sentiu por que esse "pratinho básico" fez tanto sucesso?  

O Angu do Gomes, que teve início em 1955 com o português Manoel Gomes, vivia um grande sucesso em 1977, com 40 carrocinhas espalhadas pelo Rio de Janeiro e uma média de mil refeições diárias. Mas, como todo negócio está sujeito a altos e baixos, o Angu do Gomes não resistiu à crise econômica dos anos 80, precisando recolher sua última carrocinha na década de 90. Mas o que é bom não pode ficar esquecido no tempo, ainda mais um sabor que marcou tanto a vida e a memória de tantos cariocas. Foi pensando nisso que Rigo Duarte, neto de Basílio Moreira (um dos antigos donos do Angu do Gomes), apostou na retomada da marca, e hoje são três estabelecimentos que vendem o tradicional Angu do Gomes, nos bairros da Saúde, de Botafogo e do Centro. As carrocinhas não voltaram a compor o cenário carioca. Uma pena. Sinal de que os tempos mudaram. Mas a iguaria continua como antes e não está mais sozinha. Entrou para um cardápio na companhia de muitos petiscos da atualidade, como os bolinhos de feijoada. O angu é o ingrediente mais famoso da casa, é lógico, mas, para entrar na mesma panela da modernidade, integrou-se aos bolinhos. Daí saem da frigideira, por exemplo, bolinhos de angu com recheio de rabada desfiada.   

Se você salivou com esses petiscos, não deixe de consultar o site da marca para saber de muitos outros que integram o menú. Aproveite e dê uma olhada no álbum de fotos para ver quanta gente famosa já passou pelo Angu do Gomes. Anote os endereços e reserve um horário em sua agenda. Eu fui num feriado no botequim da Saúde. Precisei esperar cerca de vinte minutos na fila. O local fica cheio. Prepare-se para isso e para dizer adeus à dieta.   
          
Em frente ao botequim Angu do Gomes da Rua Sacadura Cabral (Saúde), há uma réplica da carrocinha da marca que fazia ponto em diversos locais do Rio de Janeiro. O angu ficava dentro desses panelões. Muitos trabalhadores paravam em frente para fazer a refeição.

Dentro do Angu do Gomes da Rua Sacadura Cabral. É um botequim com cara de restaurante ou vice-versa. Espaço relativamente pequeno, então quando a casa está cheia, as mesas dos clientes ficam bem próximas umas das outras.


De petiscos, pedi meia porção de polenta frita, um bolinho de feijoada, um bolinho de angu com rabada e um bolinho de angu com camarão. Tudo muito bom. Só o recheio de camarão é que não me conquistou. A porção de polenta frita dava para eu dividir com mais duas pessoas, pois, para mim, depois de uns sete pedaços, o gosto da polenta frita já começa a ficar um pouco enjoativo. Também não dá para comer muitos bolinhos porque eles são grandes. Eu fiquei satisfeita com esses três. Afinal, depois de muita fritura, meu estômago começa a recusar.


Olha só o recheio generoso desse bolinho de angu: rabada desfiada. Quitute diferente e gostoso. Para quem gosta de uma cervejinha, os dois formam um belo par, não acha?

O bolinho de feijoada do Angu do Gomes foi o melhor que já comi e o mais farto. O bolinho é uma mini feijoada. Vem com couve (muita) e bacon por dentro.

A polenta frita quentinha é muito boa. Estava bem crocante por fora e molinha por dentro. Parece uma batata frita, mas é mais "pesada". Quero dizer, não dá para comer o tanto de polenta frita que você comeria de batata. Bem, pelo menos, na minha opinião. 


Eis aqui o carro-chefe da casa: o tradicional Angu do Gomes. Esse prato não foi para mim, mas para meu marido, que ama. E ele se lembra com muita saudade do tempo em que sua mãe parava na frente da carrocinha e comprava o angu para ele. Apesar do prato ser "pesado", mesmo sendo criança, ele adorava. Eu, devo confessar, não gosto muito. No prato tradicional, vem um pedaço de rabada por cima do angu acompanhado de miúdos de boi. Então, para você que não sabia, foi este o prato que muito fez parte da vida carioca, principalmente a noturna. Mas, quem quiser experimentar uma versão moderna, pode pedir o Angu de Frutos do Mar, por exemplo.


O Angu do Gomes da Saúde fica ao lado desta praça, o Largo de São Francisco da Prainha, tomada por prédios coloniais onde funcionam alguns bares bem simples. 


Ao fundo, à esquerda, onde está o toldo vermelho, fica o Angu do Gomes. Este é um cenário antigo da cidade, mas bem perto da parte revitalizada da Praça Mauá, a apenas cerca de 15 minutos de caminhada do Museu do Amanhã.


A ida ao Angu do Gomes pode ser combinada com algumas visitas na região. A atração mais próxima é a Pedra do Sal (quatro minutinhos andando), local a céu aberto onde toda segunda-feira à noite há roda de samba. Ali, nesse dia, cariocas e turistas se encontram. Muitas pessoas vão comer no Angu do Gomes antes de seguirem para a "pedra". Outros lugares de visitação próximos são o Museu do Amanhã, como já falei acima, o MAR e o Cais do Valongo. Programas culturais em diversos sentidos.


PUERTO IGUAZÚ - CATARATAS E OUTRAS ATRAÇÕES NO LADO ARGENTINO

Assim como a brasileira Foz do Iguaçu, a argentina Puerto Iguazú tem um atrativo principal, que, aliás, é o mesmo para as duas cidades: as Cataratas do Iguaçu. Na Argentina, elas estão dentro do Parque Nacional Iguazú. As cidades são vizinhas, fronteiriças, cada uma com suas espetaculares quedas d'água. Delas, 14 principais estão no lado argentino, e 5 no lado brasileiro. Mas, somando tudo, são 275 quedas d'água, que deram um resultado mais que justo, o título de Patrimônio Natural da Humanidade, dividido entre os dois países. Uma bela equação. E, para você não perder a lógica dessa matemática, você precisa conhecer os dois parques nacionais (Brasil e Argentina) simplesmente porque eles se complementam.

Estando em Foz do Iguaçú, no estado do Paraná, dá para chegar à vizinha Puerto Iguazú de ônibus (o modo mais econômico, mas só circulam de dia), táxi, carro alugado (é preciso obter a Carta Verde) ou veículo de agência de turismo, o que é muito comum por lá. A viagem dura cerca de 40 minutos a uma hora, ou até mais, dependendo da fila de carros que você vai pegar na cabine de imigração. Na primeira vez que fui ao Parque Nacional Iguazú, meu transporte foi uma van de turismo, num grupo pequeno. Na segunda vez, fui com uma agência de turismo também, a IGT Iguassu Globo Toursporém com serviço privativo. Não há necessidade de contratar um guia particular como eu fiz da segunda vez; só o fiz porque eu estava levando junto minha mãe, que tinha completado 80 anos. Queria dar mais conforto a ela. O serviço custou R$400,00 por dia (valor de 2018). Apesar de ser caro, tivemos acompanhamento exclusivo e ganhamos tempo para nos locomovermos de um lado para outro, decidindo tudo a nossa vontade. 

Para chegar ao Parque Nacional Iguazú, você vai passar pela Ponte Tancredo Neves, que é a divisa do Brasil com a Argentina, ligando as cidades de Foz do Iguaçu e Puerto Iguazú. Ela é interessante porque é pintada com as cores da bandeira dos dois países. Bem no ponto da divisa, as cores se encontram. E já que estamos falando de cruzar a fronteira, não se esqueça de que você, sendo brasileiro, não precisa de passaporte, basta portar seu RG ou carteira de motorista (ambos com emissão há menos de 10 anos), mas a CNH só vale para entrar em Puerto Iguazú, e não em outra cidade argentina. Se você for estrangeiro com RNE do Brasil (meu caso), pode apresentar seu RNE, ou CNH brasileira, ou passaporte. O estrangeiro precisa passar também pela cabine da Polícia Federal para atravessar a fronteira (que fica antes da aduana), a não ser que apresente a CNH brasileira. Mas foi bem rápido no posto da polícia. Nem precisamos sair do carro. O nosso guia nos deixou no estacionamento e levou o passaporte da minha mãe para pegar uma autorização lá. Eu não precisei, pois tenho minha CNH. Só precisei mostrar esse documento na aduana que é a mesma para todos. Mas, se você é estrangeiro e tem RNE, leve esse documento (ou o passaporte) e não conte apenas com a CNH. Na CNH não aparece a nacionalidade, mas, se na hora eles cismarem com alguma coisa, você tem um outro documento para apresentar. Eles são bem cricri quando querem. Melhor se prevenir.

Puerto Iguazú é uma cidade pequena, parece uma daquelas do interior. Fiquei surpresa que desta vez a achei bem mais "arrumada". Em 2006, devo confessar que ela não era muito atraente. Tem como principal atração, como já falei acima, o Parque Nacional Iguazú. E nem precisaria de mais nada. Só ver a cascata Garganta do Diabo de pertinho já vai valer sua viagem. Mas o melhor é que o parque é enorme e oferece diferentes trilhas e atividades. Dá para passar o dia inteiro ali, se quiser. Mas, se sobrar tempo, há passeios bem legais para fazer na cidade até o seu retorno ao hotel. Abaixo, listo as principais atrações de Puerto Iguazú para lhe ajudar a montar um roteiro:  

- Parque Nacional Iguazú
- Marco das Três Fronteiras
- Restaurantes argentinos
- Cassinos
- Duty Free Shop 
- Ice Bar Iguazú 
- Feirinha gastronômica

Agora vou contar um pouco de cada lugar que visitei em Puerto Iguazú. 

PARQUE NACIONAL IGUAZÚ:


O Parque Nacional Iguazú deve ser a primeira atração a ser visitada em Puerto Iguazú porque, além de ser a principal, demanda mais tempo. O parque é bem grande e, para se chegar à maior atração de lá, a Garganta do Diabo, é preciso pegar dois trens dentro do parque e depois ainda fazer uma boa caminhada por uma passarela sobre o Rio Iguaçu. Os trens costumam sair de meia em meia hora (esse tempo de espera provavelmente varia de acordo com a  época) e uma aglomeração de visitantes fica à espera. Os trens saem lotados de manhã. Achei o parque nacional argentino mais cheio do que o brasileiro. Mas quando saímos do parque, por volta das 13:00, os trens já não voltavam tão cheios e na entrada do parque já não havia tanta gente. Ou seja, se, por um lado, é melhor começar o dia visitando o parque argentino, por outro não é tão bom por causa da quantidade de visitantes. Dependendo de como estiver arrumado o seu roteiro, pode ser mais interessante chegar ao parque à tarde, lembrando que você pode entrar até as 16:30 e permanecer lá dentro até as 18:30. A Garganta do Diabo fica aberta até as 17:00.

Uma coisa importante que você deve saber antes de chegar ao Parque Nacional Iguazú é que eles só aceitam o pagamento da entrada em pesos argentinos e em dinheiro vivo, ou seja, não aceitam cartão de crédito. Troque seus reais por pesos antes de chegar lá. Nas lanchonetes dentro do parque, você pode pagar em reais, mas o troco será em pesos.

Além da Garganta del Diablo, o Parque Nacional Iguazú oferece mais dois percursos principais: o Circuito Inferior (para ver as cataratas de baixo) e o Circuito Superior (para vê-las do alto). Entre no site oficial do Parque Nacional Iguazú para se informar sobre todas as suas atrações e tarifas (este aqui). E, se você não fez o Macuco Safari no parque brasileiro, um passeio de barco irado que leva pertinho das cataratas, não desperdice a oportunidade de fazer um semelhante no lado argentino, o Gran Aventura

Na porta de entrada do Parque Nacional Iguazú. 

Aqui, na minha primeira vez (há doze anos) no Parque Nacional Iguazú.


No meio das trilhas do Parque Nacional Iguazú, os quatis aparecem para fazer companhia. Repare que a visitante ao fundo está acariciando um quati, coisa que o parque aconselha a não fazer, pois eles podem acabar ferindo na ânsia de pegar alguma comida de sua mão.

Dentro do trenzinho do Parque Nacional Iguazú, em 2006, a caminho da Garganta do Diabo. Cheio, mas nem tanto. Em 2018, peguei o trem lotado, não sobrava nem um espacinho ao lado.


Esta é a passarela sobre o Rio Iguaçu na qual andamos para chegarmos até a queda d'água chamada Garganta do Diabo, que é a principal atração do Parque Nacional Iguazú. Chegando perto, parece mesmo que você vai ser engolido por ela.


Não se esqueça de levar seu boné ou chapéu e de colocar protetor solar, pois você vai caminhar por uns vinte minutos em cima desta passarela que não oferece nenhuma sombrinha. Bem, até há um único lugarzinho com um banco onde pode haver uma sombrinha, mas ele é disputadíssimo. Muitas pessoas também passam repelente pelo corpo por causa dos insetos. Se você costuma ser vítima deles, passe, pois alguns mosquitinhos podem incomodar, mas também não é nada demais. Aqui estou cada vez mais perto da Garganta do Diabo, que é aquele grande "buraco" à direita para onde as águas caem. Daqui já podemos ouvir toda a força dessa queda.

A Garganta do Diabo, à direita. Daqui, já impressiona, mas você só vai se dar conta da sua gigantesca força quando estiver de frente para ela, cara a cara.




Garganta do Diabo - Parque Nacional Iguazú.


É assim, bem de frente para a Garganta do Diabo que você vai ficar extasiado. Se não quiser se molhar, leve uma capa de chuva, porque isso é certo acontecer. A força e a quantidade de água é grande. A Garganta do Diabo tem 82 metros de altura, é a mais alta das Cataratas do Iguaçu.  












Esta foto é atual, foi na segunda vez que visitei a Garganta do Diabo. Mas nem tirei foto minha de frente para ela, como fiz em 2006. É que o mirante não é muito grande e a quantidade de turistas que chega aqui é enorme. Você tem que ficar se espremendo entre as pessoas para conseguir um espaço. É desanimador.




Cascatas do Parque Nacional Iguazú, na Argentina.





Além de ver a Garganta do Diabo, não deixe de fazer, pelo menos, uma das seguintes trilhas: a Inferior ou a Superior.





Mais uma foto do percurso da Garganta do Diabo. É preciso caminhar por esta passarela, de um pouco mais de um quilômetro de extensão, sobre o Rio Iguaçu.

Voltando no trem do Parque Nacional Iguazú e chegando à estação. Há duas: Estação Cataratas (a primeira), de onde começam os Circuitos Superior e Inferior, e a Estação Garganta do Diabo (a segunda), que deixa perto da passarela que leva até a queda d'água de mesmo nome.








Estação de trem do Parque Nacional Iguazú, Argentina.


HITO TRES FRONTERAS / MARCO DAS TRÊS FRONTEIRAS:

O Hito Tres Fronteras (Marco das Três Fronteiras), na Argentina, está numa praça de onde se vê o Paraguai de um lado e o Brasil do outro, além do encontro dos Rios Iguazú e Paraná. Cada país dessa tríplice fronteira tem um obelisco com as cores da bandeira. Vale a pena visitar pelo menos um desses três marcos nacionais para ver a delimitação geográfica. Apesar de não ser nada demais, é interessante. Na praça do Marco Argentino, você encontrará também uma feirinha de artesanato vendendo souvenirs com preços melhores do que nas lojas dos parques das cataratas, mas não vi muitas variedades.

Em 2018, quando revisitei essa praça, percebi que ela estava bem diferente. É que foi toda reformada, e com isso o espaço ganhou fontes que fazem acontecer um espetáculo noturno de águas e luzes com as cores dos três países. Dura apenas cerca de 10 minutos, mas é bem bonito. O problema é que quem está hospedado em Foz do Iguaçu geralmente faz todos os passeios em Puerto Iguazú durante o dia, e à noite já está de volta ao hotel. Então é meio difícil se programar para estar nessa praça à noite. Se fizer questão de conferir esse evento, procure saber antes se ainda acontece nesses três horários: 20:00, 21:00 e 22:00.


Em 2006, o Hito Tres Fronteras, nome do Marco das Três Fronteiras na Argentina, era assim. Ao fundo, o mirante com a vista para o Brasil (à direita) e o Paraguai (à esquerda). O obelisco continua lá, é claro, mas seu entorno ganhou uma boa recauchutada.


O Parque Hito Tres Fronteras em 2006.

Revisitando o parque em 2018. Ficou bem mais bonito. Apesar da reforma, você não paga ingresso para entrar, diferentemente do que aconteceu com o lado brasileiro. Ao fundo, o mirante das três fronteiras. 


À direita, o Brasil. À esquerda, o Paraguai. No meio, o encontro dos Rios Iguazú e Paraná.

O chão do Parque Hito Tres Fronteras ganhou uma ornamentação especial: fontes de onde saem águas dançantes para show noturno.


O obelisco argentino na nova praça do Marco das Três Fronteiras.


Vendedores expõem seus produtos no chão da Praça Hito Tres Fronteras ou nas lojinhas ao lado. 


As lojinhas de artesanato ao lado do Marco das Três Fronteiras da Argentina. Vale a pena dar uma conferida. Encontrei aqui T-shirts de Puerto Iguazú de malha boa e preços atraentes.


RESTAURANTE ARGENTINO:


Se você gosta de comer carne, não deve desperdiçar a oportunidade de saborear a parrilla/parrillada argentina, bem típica na gastronomia nacional. Uma das carnes argentinas mais famosas é o bife de chorizo, que corresponde ao nosso contra-filé. No corte argentino, esse bife é espesso e muito macio. As empanadas, que são pastéis de forno de massa fininha e crocante (li que também pode ser frita), com recheio (de carne é o melhor), também são muito famosas na Argentina, vendidas em vários lugares (restaurantes, cafés, bares) e deliciosas. Se você nunca esteve na Argentina, você precisa passar por essa experiência gastronômica, que também é cultural.

Então, depois de sua visita de manhã ao Parque Nacional Iguazú, escolha para seu almoço um dos restaurantes argentinos mais conceituados de Puerto Iguazú para sua experiência ser a melhor possível. Os que me foram recomendados foram o El Quincho del Tio Querido (que também oferece shows de tango à noite), o AQVA e o La Rueda. Cheguei a entrar em contato com o primeiro, mas eles não abriam para almoço na segunda-feira, então fiquei com o segundo, o Aqva, que, aliás, parece ser o mais famoso da cidade, pelo menos, entre os brasileiros. No site deles, assisti a um vídeo no qual foi dito que o Luciano Huck escolheu esse restaurante para comemorar o aniversário da sua mãe. Eu também estava querendo comemorar o aniversário da minha mãe (esse foi o motivo de minha segunda viagem a Foz do Iguaçu), então, pela coincidência, o Aqva ganhou ainda mais a minha simpatia. E o Luciano não iria escolher qualquer coisa, né? Daí, pronto, não tive dúvidas de reservar no Aqva. Faça você também a reserva se escolher o Aqva, pois ele é bem concorrido.   

O Aqva tem um ambiente acolhedor e simpático. Seus funcionários falam também o português (afinal, os brasileiros frequentam muito) e o serviço é à la carte. Todos nós comemos empanadas de entrada e bife de chorizo con papas fritas. Estava tudo muito bom. Mas eu preciso abrir um parêntese aqui para falar do sabor da carne, que acho que é igual em quase todos os restaurantes argentinos. Ou melhor, preciso falar da falta de sabor. Sem tempero e sem sal. Mas coloquei um pouco de sal por cima e o bife ficou bem melhor. Meu marido ainda colocou um pouco de pimenta. Então, você coloca os temperos de sua preferência por cima e a carne cai pra dentro muito mais gostosa. Mas, como eu gostaria que a carne já viesse com um temperozinho, dou nota 8 para o Aqva. Ou seja, o restaurante é muito bom, entretanto tem apenas três pontos negativos: demoram um pouco para trazer o prato, o menú não tem muitas opções e os pães do couvert que nos serviram estavam muito duros. Mas, pelo menos, foram cortesia da casa. De repente, demos azar nesse dia.

Os pratos do Aqva são individuais, mas bem servidos. É um restaurante um pouco caro. Para você ter uma ideia, nossa conta ficou em torno de 140 reais por pessoa, já incluindo as bebidas e o serviço (valor de 2018). E uma dica para esse e aparentemente qualquer restaurante argentino: se você não gosta de ver seu bife de chorizo vermelho por dentro (como eu), não caia no erro de pedi-lo ao ponto, pois ele virá mal passado. E o mal passado virá quase cru por dentro. É porque o corte é bem grosso.

Acima eu dei a sugestão de almoçar ao estilo argentino in loco, mas os restaurantes em Puerto Iguazú também são muito procurados à noite, acho que até mais do que de dia. Esse também é um bom programa noturno para quem está hospedado na tríplice fronteira.
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No Aqva, um dos mais indicados restaurantes em Puerto Iguazú.  


Comemorando o aniversário de minha mãe no restaurante Aqva. 


O couvert foi cortesia da casa. E a cerveja era a Patagônia, uma marca tradicional da Argentina. Muito boa.


As empanadas de carne, que vieram acompanhadas de alguns pedaços de aipim frito. Devoramos as empanadas. Deliciosas. Ao contrário do bife de chorizo, a carne do recheio estava bem temperadinha.

Olha a espessura de um bife de chorizo. Por fora, ele até está bem passado, né? Mas, por dentro, estava ainda um pouco cru, apesar de ter sido preparado ao ponto. Mudando de assunto, até dá para dividir esse bife com outra pessoa, se as duas não forem de comer muito, ainda mais se tiverem comido alguma entrada antes. Arrependi-me de não ter pedido somente um prato pra mim e pra minha mãe porque cada uma acabou deixando quase a metade do bife no prato.    

CASSINOS:

Quem gosta de cassinos não vai deixar escapar a oportunidade de tentar a sorte na Argentina, mesmo estando hospedado em Foz do Iguaçu, ou seja,  do outro lado da fronteira. No Paraguai, também há bons cassinos. Fique ligado porque o traslado (de ida e volta) a partir de seu hotel pode sair de graça, em horários pré-determinados. É que alguns cassinos oferecem esse serviço de cortesia, afinal é de interesse deles que você perca algum dinheiro em suas maquininhas. Na Argentina, nós fomos ao Casino Iguazú e gostamos. Por vezes, há shows lá com cantores famosos. Não se esqueça de levar seu documento para atravessar a fronteira.

O Casino Iguazú, em Puerto Iguazú, é uma boa pedida para seu programa noturno. Mesmo que você não vá arriscar nenhum jogo, acho que vale a pena conhecer pelo menos um cassino em Puerto Iguazú ou em Ciudad del Este, nem que seja para ficar sentado no bar, tomando uns drinks e observando o movimento. Aqui, só esta foto porque é proibido fotografar o interior do cassino. 


DUTY FREE SHOP PUERTO IGUAZÚ:

Não dá para viajar a Foz do Iguaçu e não pensar em compras. Afinal, a fronteira com o Paraguai e a Argentina traz vantagens de compras com isenção ou redução de impostos. Se, no Paraguai (Ciudad del Este), bate aquela insegurança sobre a qualidade dos produtos, no Duty Free da Argentina (Puerto Iguazú), já não há. E a variedade de produtos na loja é grande. Mas não se anime muito, pois há um limite de cota para compras, que, por via terrestre, atualmente é de 300 dólares, diferentemente do praticado nos aeroportos, que é de 500 dólares (via aérea). É bom não arriscar trazer mais do que o permitido sem declarar, pois você pode ser pego na aduana na fronteira com o Brasil ou no aeroporto pela Receita Federal. Há também limite de quantidade de um mesmo produto. Por exemplo, bebidas alcólicas, você só pode trazer 12 litros no total (via aérea ou terrestre). Para ficar atualizado a respeito das regras fiscais sobre compras em viagens internacionais, acesse site da Receita Federal e consulte o "Guia do Viajante" .   

Apesar do Duty Free ficar em Puerto Iguazú, ele é de fácil acesso para quem está hospedado em Foz do Iguaçú. Está localizado perto da Ponte Tancredo Neves, ou seja, perto da fronteira com o Brasil, a cerca de 30 minutos de Foz. Para chegar lá, você pode ir de táxi, ônibus ou carro/van de agência de turismo. Minha sugestão é que você pergunte na recepção do seu hotel qual o meio que eles indicam, pois pode ser que tenham serviço de transfer até lá. Não esqueça de levar seu RG (com emissão há menos de 10 anos) ou passaporte para apresentar na loja.

Abre todos os dias, das 10:00 às 21:00 (horário da Argentina). O estacionamento no local é grátis. Para saber mais sobre o Duty Free Shop Puerto Iguazú, acesse o site deles, aqui.



O Duty Free Shop Puerto Iguazú fica na Argentina e é quase sempre uma "parada obrigatória" para quem está em viagem em Foz do Iguaçu. A loja é bem grande e muito bonita. Eles vendem todos aqueles itens que costumamos ver nas lojas de Duty Free nos aeroportos, tais como cosméticos, perfumes, relógios, eletrônicos etc. Os preços etiquetados são em dólares.

Não se esqueça de que Foz do Iguaçú também faz fronteira com o Paraguai, com a Ciudad del Este. Portanto, uma boa pedida é reservar um dia de sua viagem para passear por essa cidade também. O Paraguai exige carteira de identidade ou passaporte do brasileiro, não aceita a CNH.


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