El Calafate, Argentina (3ª parte: Navegação Todo Glaciares)


Navegação Todo Glaciares pelo Lago Argentino. Para entender melhor por que El Calafate é a Capital dos Glaciares!

Veja também:

- El Calafate - Minitrekking no Perito Moreno

- El Calafate - O Centro



As poltronas da embarcação são como leitos de ônibus. Muito confortáveis.



Os icebergs são como obras de arte esculpidas pela natureza.



As montanhas cobertas de neve são também uma atração neste passeio.



Em vários momentos você é apresentado a icebergs.



Alguns formam extensos paredões.



Esse iceberg é um dos mais bonitos.



A montanha e o gelo, formando a paisagem no Lago Argentino.



Durante o passeio, parece que você está vendo cenas de cinema.



A paisagem é de arrancar suspiros.



Outros icebergs vistos no passeio.


Achei este o mais exótico. Lindo!



Mas este glaciar aqui impressiona mais que qualquer iceberg: o Spegazzini.



Veja como o Spegazzini se espalha pela montanha.



O glaciar Spegazzini é uma das principais atrações deste passeio.



Barco se aproximando do Spegazzini. Repare na altura do glaciar.




Este é um dos momentos mais esperados do passeio: chegada ao glaciar Perito Moreno.



Paisagem inspiradora.



As fotos são cinematográficas.





A paisagem exótica já começa na estrada.



Paisagens inesquecíveis.



A navegação Todo Glaciares, oferecida pela agência Fernandez Campbell, é indicada para quem deseja ver um maior número de glaciares e icebergs pelo Lago Argentino, pois oferece o passeio mais completo. Compramos o Todo Glaciares na agência Gador Viajes (Gobernador Moyano 1082) pela conveniência de ser praticamente ao lado de nosso hotel (Michelangelo), mas várias outras agências vendem o mesmo passeio. É só caminhar um pouco pela principal avenida de El Calafate, a Libertador, que você verá que não faltam lojas vendendo passeios turísticos dos mais variados. E como a Fernandez Campbell detém o monopólio desse tour, os preços não variam muito. Pagamos pelo Todo Glaciares e o traslado de ida e volta o valor total de 355 pesos, por pessoa. Sem entrada ao Parque Nacional Los Glaciares, pois nenhum tour inclui a entrada ao parque, que deve ser comprada no local (75 pesos). Esse valor foi à vista porque haveria um acréscimo com pagamento com cartão de crédito. Pagamos com dólares. Acredito que todos os estabelecimentos em El Calafate, que é uma cidade que vive do turismo, aceitem dólares. Só que todas as vezes que pagamos com dólares, o troco foi em pesos argentinos, o que foi até bom para termos trocados na hora de comprarmos coisas de pequeno valor.

Às 7:15, o micro-ônibus do traslado nos pegava à porta de nosso hotel. Os passeios em El Calafate começam bem cedo mesmo; é preciso disposição para pular da cama com tempo para se arrumar e boa vontade para tomar o café da manhã mesmo sem muito apetite. O café da manhã no nosso hotel começava a ser servido às 6:00 e acredito que todos na cidade tenham o mesmo esquema.

No ônibus, já estavam algumas pessoas sentadas (éramos seis, apenas) e ficamos sabendo que eu e meu marido éramos os últimos daquele transfer. Imaginei com certa alegria que não iríamos pegar o barco cheio, sobrando bastante espaço no convés para tirarmos fotos dos glaciares. Era uma terça-feira, então, pensei, “o barco só deve encher nos finais de semana”. Enquanto eu vagava aos pensamentos, preenchia meus olhos com a pouca paisagem daquele caminho desértico, dividindo minha atenção entre a vegetação seca da estrada, uma parte do lago argentino à minha direita, e as montanhas com os picos nevados à minha frente. De repente, a voz do motorista se sobrepôs à música que tocava no ônibus, o único som que quebrava o silêncio que nos cercava do lado de fora. “Mira, um condor!” disse ele. Meio desorientada, ainda consegui ver muito de relance o condor dos Andes se afastando em seu sobrevôo.

Continuamos percorrendo a estrada por mais algum tempo antes de chegarmos ao porto de Punta Bandera (a 40 km de El Calafate). Por aquela região inóspita, só passava nosso ônibus. Pensando bem, vi mais um ou outro veículo passar, porém a imagem que ficou na minha memória foi a do deserto solitário que estava nos recebendo e que acabara de receber também a visita de um único condor. Paramos no meio da estrada para comprar a entrada ao Parque Los Glaciares. Depois, o motorista dirigiu mais um pouco e finalmente chegamos ao porto de Punta Bandera. E vi aquele pensamento—de que haveria poucas pessoas para fazer o passeio—rindo de mim. Lá já se formara uma fila para entrar e ônibus de turismo não paravam de chegar. Os portões que davam acesso às embarcações da Fernandez Campbell ainda estavam fechados; o passeio só dá início às 9 horas aproximadamente. E termina por volta das 16:30, conforme explicou nosso motorista, frisando que nesse horário, antes um pouco, estaria a nos esperar.

Apesar da fila, foi tudo organizado e tranquilo. Dentro de alguns minutos, já estávamos entrando na embarcação de número 2, um catamarã bem espaçoso com capacidade para 200 passageiros. Você escolhe o assento, que parece uma poltrona de ônibus, e pode deixar as suas bolsas lá quando for para o convés porque ninguém mexe e ninguém pega o seu lugar. Escolhemos o assento ao lado da janela, é claro.
Além do conforto dos assentos, o catamarã oferece bons banheiros e uma cantina, onde você pode comprar o seu lanche. Nós levamos um sanduíche que havíamos comprado em uma panadería no centro de El Calafate. Mas os hotéis também costumam vender sanduíches ou lanches para os passeios de dia inteiro. É só pedir por uma vianda ou box lunch. Muitas pessoas preferem levar sua própria comida para o passeio porque, além de ser permitido no barco, sai mais barato. Só não é permitido sujar o barco, os funcionários até dão um saquinho de papel para você depositar todo o lixo que tiver. Sujar o lago, nem pensar!

Não demorou muito, já estávamos vendo blocos de gelo flutuando pelo lago, alguns isolados, outros formando barreiras de gelo. A essa altura, eu já aguardava pelo momento há algum tempo no deque porque o lugar é disputadíssimo e pequeno para tanta gente curiosa e disposta a enfrentar o vento gelado para tirar fotos de todos os ângulos. Era janeiro, verão, mas nem preciso dizer que a Patagônia é sempre gelada. No inverno, então, posso bem imaginar o frio que faz. Porém, como eu estava bem agasalhada, com casaco e calças impermeáveis e corta-vento, luvas, gorro, blusa térmica por baixo, e cuello polar (o cuello polar é ótimo para proteger o pescoço e você pode subi-lo até o nariz), o frio era perfeitamente suportável. Quando venta mais é que fica um pouco incômodo, mas você tem a opção de entrar no barco e ver o lago pela janela. Dentro do barco, você não sente frio.

Apesar da aglomeração no convés do barco, você sempre consegue uma oportunidade de tirar uma boa foto junto às geleiras porque o barco fica um tempinho praticamente parado nos principais pontos de contemplação e contorna os grandes blocos de gelo. Inclusive porque há um fotógrafo que nos acompanha na viagem para quem desejar seus serviços. No final do passeio, você tem a foto pronta para levar para casa. Uma coisa interessante desse passeio é que em alguns momentos você acaba sendo clicado pelo profissional e tem a surpresa de se ver numa apresentação de slides que passa nas telas da embarcação.
A empresa Fernandez Campbell também oferece o serviço de um guia que, através de um microfone, descreve os principais pontos contemplados. Os comentários, em espanhol e inglês, são super úteis para você saber o nome dos témpanos (icebergs) aos quais está sendo apresentado e para entender suas formações, as transformações que têm sofrido, etc. Mas a verdade é que muitas dessas informações você acaba perdendo por não conseguir desviar a sua atenção das fotos e da paisagem fora do comum. Para não perdê-las, o melhor a fazer é deixar a filmadora gravando tudo.

Durante o início do percurso da navegação, observamos alguns icebergs que tinham se desprendido do Upsala, que é o maior glaciar do Parque Los Glaciares, medindo 7 km de largura, 60 metros de altura e 60 km de comprimento. É claro que não teríamos visão de tudo isso, mas se as condições de navegação estivessem favoráveis para o acesso ao glaciar, poderíamos avistar, acredito eu, uma parte bem maior do que aquela que conseguimos de longe. Também não pudemos desembarcar na Bahía Onelli porque uma formação de icebergs obstruía o acesso. Com sorte, teríamos entrado na baía, caminhado por um bosque e contemplado o glaciar Onelli. Essa foi a frustração do passeio para a qual, entretanto, eu já estava preparada. O site da Fernandez Campbell alertaNegrito para essa possibilidade porque não são raras as vezes de os blocos de gelo formarem uma barreira no canal de acesso à Bahía Onelli.

Mas a frustração foi compensada pela visão bem de perto de dois glaciares espetaculares: o Spegazzini e o Perito Moreno. O Spegazzini, com aproximadamente 135 metros, é o mais alto do parque e exibe uma gigantesca parede de gelo em tons de azul, branco e cinza. O Perito Moreno é o que mais dispensa apresentações por ser o mais famoso do mundo. Sabemos que com o aquecimento global, os glaciares têm ficado cada vez menores, mas o Perito Moreno é um dos raros a apresentar tamanho estável. O gigante, que tem uma superfície de 257 quilômetros quadrados e 14 km de comprimento, é a última atração do roteiro da navegação Todo Glaciares.

De frente para o magnífico paredão branco-azulado do Perito Moreno, a embarcação se posiciona de modo que todos possam ter uma boa visão e se move bem devagar durante cerca de 20 minutos, tempo suficiente para os passageiros tirarem muitas fotos do glaciar e admirarem sua grandeza. Durante a contemplação, a plateia fica aguardando o momento de os blocos de gelo se desprenderem do paredão, provocando um barulho que se assemelha ao de um trovão. Não chegamos a ouvir grandes estalos, mas o fenômeno por si só já deixava a maioria dos turistas em êxtase. Era difícil prever de qual parte do gigantesco paredão sairia o bloco de gelo para poder captar o desprendimento com a lente da máquina fotográfica, mas muitos até tentaram. Em vão.

Outros catamarãs também chegam perto do Perito Moreno e o cenário fica parecendo de cinema. Eu já tinha visto o glaciar das passarelas do Parque Los Glaciares no dia anterior, durante o tour do Minitrekking, mas o visual que temos na navegação Todo Glaciares é diferente, é de outro ângulo. Mas de qualquer lado que é visto, o glaciar é lindo demais.

Depois do espetáculo ao qual todos assistiram de camarote e de pé (só faltavam os aplausos), voltamos para o porto. No percurso, fiquei fazendo uma retrospectiva deste penúltimo dia em El Calafate, com minha cabeça apoiada na janela do barco e olhos fitados no Lago Argentino. Me lembrei do Minitrekking e concluí que é mais emocionante que o tour Todo Glaciares, mas também é muito mais cansativo. Por isso, acho que acertei em cheio ter escolhido fazer o trekking primeiro. Assim você deixa para descansar no dia seguinte, nas confortáveis poltronas da embarcação da Fernandez Campbell. Mas seja qual for a ordem, os dois passeios formam uma dupla perfeita. E inesquecível.

Desembarcamos no píer de Punta Bandera antes do horário previsto pelo motorista de nosso grupo. Vimos um grande movimento de passageiros, que também tinham acabado de fazer o passeio, embarcando em seus ônibus, a caminho de seus hotéis. Em poucos minutos, todos já tinham tomado seu rumo. Mas nosso grupo, de apenas 6 pessoas, permaneceu no local. Ficamos brincando, dizendo que tínhamos sido abandonados pelo nosso motorista que ainda não tinha chegado. Mas não faltou solidariedade. Um motorista de um daqueles ônibus perguntou sobre nosso transfer e só foi embora quando dissemos que estávamos à espera. Depois, chegou um segundo motorista, nos trazendo o recado de nosso motorista, que pelo celular lhe falou que já estava chegando. Durante aqueles cerca de quinze minutos de espera, me dei conta do que é ficar no meio de um deserto. Sentimento de desolação. Não se via mais ninguém. Não se ouvia mais nada a não ser nossas próprias vozes. Não passava nenhum carro. Os portões de acesso ao cais já estavam fechados. Chegou a me bater um friozinho de medo que, junto com o vento frio, congelava meu pensamento na possibilidade muito remota de não irem nos buscar. Um ônibus se aproximou. Chegou o terceiro motorista. Era o nosso. Que alívio. Pediu perdão várias vezes, explicou o motivo do atraso, relatou o problema que teve na estrada, e teve todas as suas desculpas aceitas por todos nós. Ele era muito gentil e atencioso. Imprevistos acontecem. Não estivéssemos no meio de um deserto, nem teríamos dado conta do tempo que passara enquanto estávamos ali, sozinhos. Mas em um deserto, tudo fica mais solitário. Apesar dos pesares, gostei daquela experiência. Afinal, qual a melhor maneira de sentir o vazio de um deserto sem estar em companhia dele?


Notas:
- O glaciar Perito Moreno é assim chamado em homenagem ao explorador Francisco “El perito” Moreno, que realizou vários estudos na Patagônia.

- No inverno, o Lago Onelli congela, permitindo caminhadas por cima dele.

- Vá para o tour com roupas apropriadas para o frio e o vento. Você pode alugar roupas e acessórios na loja La Barraca, na rua Emílio Amado 833, no centro de El Calafate. As tarifas cobradas são por dia. Para obter informações, o e-mail da loja é: labarracacalafate@hotmail.com

- A primavera e o verão são considerados os melhores períodos para conhecer os glaciares de El Calafate porque as temperaturas são mais amenas.

- Para mais informações sobre a navegação Todo Glaciares, visite o site da empresa responsável pelo tour: http://www.fernandezcampbell.com/

Data deste passeio: 12/01/10.


11 comentários:

Carol Akemi disse...

Oi Regina,
Achei seu blog muito legal e super completo. Consegui sentir a sua viagem. Parabéns!
Irei para Calafate em dezembro e gostaria de saber se você lembra até que horas ficavam abertas as lojas, pois desembarco na cidade às 18h e queria fazer um passeio no dia seguinte.
Podemos trocar emails? Assim tiro mais dúdivas. carol.afk@gmail.com
Obrigada
Carol

Regina Helena disse...

Oi, Carol. Mandei um e-mail para o endereço que você deixou aqui. Espero que você curta bastante a viagem. Eu gostei muito de ver o Perito Moreno! Depois me conte sobre sua viagem. Beijo.

Tirza disse...

Olá, adorei o teu blog. Vou para Calafate e Ushuaia em alguns dias, e sei que faz um frio terrível lá. Estava preocupada com as roupas, apesar de morar no extremo sul do Brasil e aqui também estarmos com temperaturas super baixas. Mas fiquei aliviada ao saber que alugam lá. Vou mais tranquila. Obrigada pelas dicas! Abraço! Tirza

Regina Helena disse...

Oi, Tirza! Pois é, você pode alugar as roupas em El Calafate. Alugue um dia antes dos passeios, pois começam bem cedo. Não sei como é o frio em Ushuaia, pois não estive lá ainda. Eu fui a El Calafate no verão e não estava tão frio. Mas, como você vai no inverno, é preciso se proteger mais! Beijo!

jose alvarenga disse...

Parabens,Regina

Tua descriçao sobre o passeio foi muinto bem elaborada e elucidadora vou vizitar el Calafate no final deste mes ja com mais conhecimeto evitando assim contra tempos.Muinto obrigado

Jose Alvarenga

Fortaleza Ce.

Regina Helena disse...

José, muito obrigada pelo comentário! Sempre procuro contar detalhes que possam ser úteis aos viajantes. Desejo que você faça uma ótima viagem!!! Abraços!

Marilina disse...

Estamos pensando em ir a El Calafate e Ushuaia em julho mas, depois de ver suas fotos com neve em Janeiro....fiquei com medo. Vc acha que é programa de esquimó?

Regina Helena disse...

Marilina, sem dúvida a Patagônia é bem fria no inverno. A alta temporada é de novembro a março. Eu mesma preferi ir no verão porque sou muito friorenta e porque eu não queria deixar de fazer o passeio mais legal em El Calafate que é o minitrekking. E em julho esse passeio não é oferecido. Veja o que diz o site da Hielo Y Aventura: "El minitrekking se realiza desde inicios de Agosto hasta principios de Junio."

Então, para fazer os passeios ao ar livre, o frio pode ser um grande incômodo. No verão, já faz bastante frio perto dos lagos por causa do vento. E, quanto à neve no verão, você vê nos picos das montanhas, mas não é em grande quantidade.

Mas, por outro lado, deve ser lindo ver aquela paisagem toda branquinha tomada pela neve. Muitas pessoas vão para a Patagônia em julho, inclusive.

Então, tudo depende do gosto e prioridade de cada um. Por exemplo, se eu quisesse uma experiência mais romântica com meu marido, eu iria no inverno e aproveitaria mais o quentinho das pousadas e dos restaurantes. Mas, como eu estava a fim de aventura sem muito desconforto, optei pelo mês de janeiro. É isso aí. Abraços.

Anônimo disse...

Olá!! Gostei muito do seu relato e estou planejando ir em Dezembro. Gostaria de saber se vocês compraram os passeios lá ou daqui do Brasil. Em relação ao mini trekking poderia indicar a agência?
Obrigada!

Regina Helena disse...

Olá! Compramos os passeios (inclusive, o trekking) em El Calafate mesmo, logo no dia da chegada e foi pela agência Gador Vajes. Veja no primeiro parágrafo desta postagem: "Compramos o Todo Glaciares na agência Gador Viajes (Gobernador Moyano 1082) pela conveniência de ser praticamente ao lado de nosso hotel (Michelangelo), mas várias outras agências vendem o mesmo passeio. É só caminhar um pouco pela principal avenida de El Calafate, a Libertador, que você verá que não faltam lojas vendendo passeios turísticos dos mais variados." Qualquer outra dúvida, estou à disposição. Boa viagem!!!

Regina Helena disse...

Dá uma olhadinha também na postagem do mini trekking, na qual há vários detalhes. Lá eu digo: "Você pode comprar o tour na própria loja da Hielo & Aventura, na Av. Libertador 935. Site:
http://www.hieloyaventura.com/"

Abraços